sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O pequeno grande herói.



Não deveria ter sonhado tanto...
Eu esperava por um dia especial.
Queria esquecer dos gritos em pranto
E transforma-los em um coro celestial.


Estava cursando a oitava série,
Era um aluno brincalhão mas exemplar.
Não era apenas um colega e sim um amigo,
Estava sempre disposto a ajudar.


Não deveria ter sonhado tanto...
Pois se iniciou o dia do passeio escolar
Me envolvendo num caminho perigoso e longo,
Em um segundo o ônibus veio a naufragar.


A estrada do interior é de terra batida,
Buracos de lama entre curvas estreitas.
O motorista acelera não somente a minha vida,
Pois da imprudência a morte o espreita.


Éramos entre trinta crianças e dois adultos.
Diante do pavor ninguém sabe nadar direito
Mas felizmente o amor me deu um impulso,
Fui salvando a quem pude do meu jeito.


Estava disposto a salvar a todos.
Tamanha força me guiava
Que me lancei ao ônibus de novo
Pois a muitas almas eu me agarrava.


Me perdi no abraço do desespero
Esquecendo o caminho de volta ao cais.
Dor alguma eu sofri naquele momento,
Fechei aos olhos e dormi em paz.


Estava ciente e de nada me arrependo.
Famílias jantaram com todos em sua mesa.
Em minha casa há uma cadeira vazia
Aguardando que a qualquer momento eu apareça.


Mãe eu sei que sente orgulho de mim
Coloque um sorriso no lugar da tristeza.
Eu sei que ainda aguarda que eu volte
Mas não jantarei mais em sua mesa.


De corpo já não posso estar presente.
Mas ao mundo me eternizo na lembrança.
Deixando de modelo a minha história.
Demonstrando ao mundo que ainda há esperança.
(Jf.)

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