terça-feira, 15 de março de 2011

Uma estranha




Às vezes te vejo andando sem saber para onde ir
Com um semblante que apresenta tristeza e angustia.
E esse ar de mistério me faz te seguir
Procurando salvar-te do que te assusta.
Mesmo sem saber o que procuro,
Como encontrar uma agulha no palheiro no escuro.


Acabei me ligando a teu ser.
E enquanto não te ver sorrindo
Será eu quem ira sofrer.
Então, caminho a seu lado
Mesmo sem você me dirigir a palavra,
Continuamos nossa busca rotineira.


Mas um dia, intrigada ela pergunta:
-O que você procura?
Eu totalmente constrangido respondo sem saber:
-O mesmo que você.
Então sorrindo ela me diz:
-Você já encontrou.


Eu sem entender o que ela dizia,
Fiquei filosofando até entender.
Que ela só buscava companhia
Para caminhar todos o dias
E esquecer a solidão.
                               (Jf.) 

A perda



Desejo te esquecer mas não consigo
Percorro vários caminhos, que permaneço indeciso.
De súbito, sinto um aroma suave o qual persigo
Me deparando com a tua imagem.
Penso que talvez, por um momento tenha te esquecido.


Desejaria viver de sonhos neste mundo tão errado
Mas todos os meus sonhos agarraram-se ao passado.
Num lugar que por mim não quis ser habitado
Coberto de flores regadas pelas lágrimas
De um santo que nesse mundo foi crucificado.


Um mundo injusto que me matou sem pretender,
Pois naquele trágico dia eu deixaria de viver.
Hoje durmo esperando anoitecer,
Pois cada dia que se acaba é um passo
Rumo ao sonho de nunca mais te perder.
                                                                 (Jf.)

O velho




O velho meio abatido,
Sentado debaixo de uma laranjeira.
Sentia uma brisa forte
Enquanto balançava lentamente sua cadeira.
Havia perdido um ente querido,
Que jamais seria esquecido.


Ficava em pranto,
Enquanto via um antigo álbum
Que por mais que preservado,
O tempo havia castigado.
Relembrava de um antigo e longo passado
Junto de seu amor, lado a lado.


Recordava as oportunidades que deixou passar,
Uma época de grandes sonhos...
Que deixou de sonhar.
Preferiu viver a realidade intensamente,
Por que o agradava.
Para que viver de sonhos se não precisava?


Era um homem bem-sucedido,
Já tinha seus filhos e netos.
Mas sua felicidade lhe fora surrupiada
Pois sua esposa havia falecido
No cair daquela madrugada.


Adorava lembrar, dos momentos,
Mais intensos que passara com ela.
Se prendia totalmente
Nas lembranças em que realmente,
Para ele a vida foi bela


Achou um retrato
Aparentemente intacto,
Que certamente ficaria exposto na sua estante.
Os dois estavam tão felizes naquela foto,
Que a felicidade passava de um semblante
E se modulava em arte.


Agora sozinho,
O que lhe resta é sonhar.
Encontra-la por alguns instantes
Na antiga foto sobre a estante,
Em que estava junto de sua amada
E lá gostaria de estar...
                                  (Jf.)

ISOLADO



Isolado...
Hoje o sol nasce quadrado.
A solidão,
Me apresenta a personagens que criei.
Fugindo para um universo que sonhei,
E que sonho pois desprezo a realidade.


Hoje,
Deito e durmo.
Mas me levanto sem saber se estou acordado,
Pois a realidade é meu pesadelo.
Então deito e durmo,
Se possível o dia inteiro.


Cansaço não sinto mais,
Cansei de estar cansado.
Ouço o silencio que diz para ficar calado,
E somente pensar.
Antes que a fantasia morra
Destruindo a ilusão
De estar protegido numa masmorra
Para fugir de minhas responsabilidades.
                                                                (Jf.)

Origem



De uma pintura primitiva,
Criou-se uma maquete.
Acabado seu protótipo
Pôs as rústicas marionetes


Um cenário monocromo,
Era seu projeto primeiro.
Mas antes de descansar...
Deu a eles um roteiro.


Arquiteto ou Artesão?
Que fez tamanha criação.
Deu harmonia ao esboço
Com um simples assopro?
                                       (Jf.)