quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Homem parasita






O corpo está fatigado e a alma foi corrompida
A comando de uma mente inteligente e inquieta
Prossegue seu caminho há procura de um retorno
Seus passos são pesados mas na velocidade certa.


A alma veste o corpo que não cabe o intelecto 
A ausência de esperança o transmuta em parasita
Ensaia momentos de glória que não o pertencem 
Pois da felicidade alheia retira sua seiva da vida.


Grandes sonhos que são prelúdio de um pesadelo.
Castelos de areia não são imunes contra o vento.
Uma vida corriqueira de momentos insípidos...
É ironia do destino ter tempo para matar o tempo.


Existe uma ocasião mais conveniente para desistir?
Rendeu-se ao solo que usava para apoiar a espada...
Analisou sua vida em um último e longo suspiro.
E sua vida se transforma em uma lápide mal acabada.


João Fernandes Ferreira.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O rei é presa fácil para a rainha.



Senão acabasse bem só Deus sabe o que seria...
Surge a discussão pela ausência do assunto.
Ficar em silêncio é considerado um insulto
Penso em ser rude, mas me calo e escuto.

Planejei uma fuga mas não fui ligeiro
O rei é presa fácil para a rainha num tabuleiro
Me finjo de lobo mas não passo de um cordeiro
O medo vai consumindo ao meu ser por inteiro.

Fala tanto que nem sei como consegue respirar
Bate o pé no chão quando percebe que ironizo.
E quando contrai aquela bela sobrancelha
Me arrepio todo, pois é ali que mora o perigo.

No momento penso que chegara minha hora...
Começo a ver um monstro ao invés de minha amada.
Quase que vou a loucura e me lanço ao voo
Não devem ser tão penosos dez lances de escada.

Sempre pensei que nasci na geração errada
Mas comecei a dar valor aos novos dias.
Agradeço por ter acesso as padarias...
Um rolo de amassar pão logo me mataria.

Ainda não presenciei o meu maior medo
Se chamar pelo nome completo acaba a brincadeira
E um pequeno abalo vem a ser o maior dos terremotos
Vou para abaixo da mesa me protegendo com as cadeiras.

Mas ergo a cabeça pois essa briga ainda ganho.
Garota esperta usa mais uma de suas artimanhas
Volta do quarto com um lençol e um travesseiro
Logo percebo que o sofá será a minha cama.

E lança tudo no sofá como se ele fosse o culpado
Mas é mais covarde quando ajeita o cabelo para o lado.
Sempre soube que isso me torna um fraco
Que me esqueço de tudo e confesso estar errado.

E na íris dos teus olhos me perco mais uma vez
Me rendendo a paz em uma guerra já perdida.
Selamos uma trégua com um beijo roubado...
Pois já sou um vitorioso por te ter em minha vida.
(Jf).

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Gentileza gera gentileza"



Gritou o profeta Gentileza...
Acreditava num mundo
Que fizesse jus a sua nobreza.
Então gritou ao amor...
Já não aguentava mais
Enlouquecendo através da dor.

Gritou aos angustiados...
Sinta a paz em gritar
Mas nunca sofra calado.
Gritou aos amantes...
O amor de nada vale
Senão for pleno e constante.

Gritou aos poétas...
Se vivem de fantasia
É por que algo os inquieta.
Gritou aos loucos...
Pois os lúcidos desse mundo
Já gritaram tanto que estão roucos.

E todos sem pensar gritaram
Demonstrando novas ambições.
Levando adiante sua ideologia
Até as novas gerações.
Aguardando que venha uma novo dia
Transmutando de pedras em corações.
(Jf).

O pequeno grande herói.



Não deveria ter sonhado tanto...
Eu esperava por um dia especial.
Queria esquecer dos gritos em pranto
E transforma-los em um coro celestial.


Estava cursando a oitava série,
Era um aluno brincalhão mas exemplar.
Não era apenas um colega e sim um amigo,
Estava sempre disposto a ajudar.


Não deveria ter sonhado tanto...
Pois se iniciou o dia do passeio escolar
Me envolvendo num caminho perigoso e longo,
Em um segundo o ônibus veio a naufragar.


A estrada do interior é de terra batida,
Buracos de lama entre curvas estreitas.
O motorista acelera não somente a minha vida,
Pois da imprudência a morte o espreita.


Éramos entre trinta crianças e dois adultos.
Diante do pavor ninguém sabe nadar direito
Mas felizmente o amor me deu um impulso,
Fui salvando a quem pude do meu jeito.


Estava disposto a salvar a todos.
Tamanha força me guiava
Que me lancei ao ônibus de novo
Pois a muitas almas eu me agarrava.


Me perdi no abraço do desespero
Esquecendo o caminho de volta ao cais.
Dor alguma eu sofri naquele momento,
Fechei aos olhos e dormi em paz.


Estava ciente e de nada me arrependo.
Famílias jantaram com todos em sua mesa.
Em minha casa há uma cadeira vazia
Aguardando que a qualquer momento eu apareça.


Mãe eu sei que sente orgulho de mim
Coloque um sorriso no lugar da tristeza.
Eu sei que ainda aguarda que eu volte
Mas não jantarei mais em sua mesa.


De corpo já não posso estar presente.
Mas ao mundo me eternizo na lembrança.
Deixando de modelo a minha história.
Demonstrando ao mundo que ainda há esperança.
(Jf.)